depressão pós-viagem #16
a hora de acordar de um sonho maravilhoso nos deixa desnorteados, mas logo tudo fica bem
olá, amigos
no momento que eu retornei para manaus de uma viagem inesquecível e simbólica, me senti estranho. tudo deu certo no rio de janeiro, viver era bom, comer melhor ainda e estar em paz de espírito por sentir que não precisava mais pensar em prova da ordem, infinitamente melhor.
cheguei em casa em um dia quente, depois de enfrentar horas de vôo e engarrafamentos e um sentimento que eu não era o mesmo pesava forte dentro de mim. hoje, depois de duas semanas, vejo que vivi um luto pela viagem e jamais imaginei que eu sentiria algo assim na minha vida, visto que eu nunca fui um grande entusiasta de viagens e costumava sentir vontade de voltar para casa quando viajava com a minha família.
no último dia no RJ, eu já estava triste por estar voltando para Manaus. parecia inacreditável como a vida na praia, os gelatos suaves e toda a paz e as inúmeras possibilidades de lazer não fariam mais parte da minha vida. como que a vida me fez passar por tudo isso e depois tirou tudo de mim do nada? nesse tempo de luto, demorei para me acostumar com o lugar onde eu moro e cada defeito de manaus me irritava mais que o normal.
obs: e eu deixo vocês pensarem que eu sou dramático. eu sou mesmo e esse é apenas meu jeito de viver intensamente. um pouco de emoção me faz bem, pois costumo ser bem racional rs.
nos últimos dias, fiquei pensando nesse sentimento e me lembrei de um livro que li há muito tempo que conversa exatamente com o que eu senti. em Êxtase da Transformação, do Stefan Zweig, é narrada a vida de Christine, uma moça que precisa cuidar de sua mãe enferma, lidar com o luto da morte de parentes e um emprego chato e no meio de toda essa vida cinza, sua rotina vira de cabeça para baixo quando sua tia ricaça a chama para passar um tempo com ela, no meio de luxo e glamour.
e assim christine passa a aproveitar tudo que a vida tem de bom a oferecer e vive várias experiências incríveis que, como funcionária pública triste, jamais imaginaria viver. infelizmente, sua vida dá outra virada: ela é obrigada a retornar para a sua casa, com a mesma vida triste de antes.
inconformada por ter de voltar para a mesma rotina de sempre, de ter que aceitar que toda aquele estilo de vida se foi, a personagem entra em um estado de depressão e entra em uma série de decisões erradas e impulsivas para suprir o vazio que toda aquela época com a tia deixou. lembro de ter ficado muito triste por ela na época que o li, e hoje, depois de ter vivido um sonho, consigo a entender melhor.
pensar na história da christine me fez ir a fundo ao que eu estava sentindo no momento e comecei a perceber que o vazio que a minha viagem deixou não significava algo ruim. foi uma semana bem legal que me proporcionou lembranças felizes, isso não é o suficiente? esse vazio é apenas saudade, no final das contas. e está sendo melhor ver por esse ponto de vista mais positivo, tudo que é bom dura pouco e é por isso que precisamos aproveitar bastante cada momento.
e agora vamos falar do que eu li e assisti nesse tempinho sumido!
thesis (1996), dir. alejandro amenábar. esse filme é sobre uma estudante de cinema que investiga um vídeo caseiro de assassinato de uma antiga colega de sala que ocorreu um ano antes. o ritmo do filme é lento em algumas partes, mas fiquei tenso do começo ao fim e achei a história bem interessante. é o scream 1 da deep web, mas tem no youtube com legenda em inglês.
shuggie bain, do douglas stuart. esse eu terminei de ler anteontem para o clube do livro da minha amiga próxima dua lipa, que tem o mesmo gosto literário que o meu: desgraceira com protagonistas gays. demorei para engatar no livro, mas indico por ele retratar muito bem o que é ter um parente alcóolatra na família e por ter um contexto histórico da escócia muito importante.
e se você leu até aqui, muito obrigado! espero que gostem das indicações e me avisem se lerem alguns dos livros ou verem thesis. são bons demais.