no ínicio desse ano, questionei a razão de eu não ter favoritado quase nenhum livro em 2022. algo parecia esquisito demais e junto disso, sentia um desânimo com o hábito de leitura que eu nunca senti antes. bastou eu olhar atentamente nos vários livros que não gostei e percebi: eu não escolhi quase nenhum deles.
percebi que eu havia deixado outras pessoas - influencers digitais e conhecidos - escolherem tudo por mim e isso acendeu um alerta em mim por entender que eu estava vivendo no automático sem procurar algo sozinho que realmente fosse do meu interesse. onde estava minha curiosidade e vontade de correr atrás das coisas?
senti como se tivesse deixado de lado minhas próprias referências e da minha autonomia de escolha do que quero ler ou assistir. nessa era de influências e dos “cronicamente online”, acho que muitos de nós nos deixamos levar pela opinião dos outros sem querer e nos perdemos sem questionar muito o que está sendo apresentado para nós.
quantas vezes deixamos de assistir algo por que alguém disse que era ruim e perdemos uma experiência em ver algo incompreendido? eu sei que isso não é algo que acontece toda hora mas ultimamente vejo muitas pessoas dando muita credibilidade ao rotten tomatoes, notas do letterboxd ou números de audiência e na real, isso não significa quase nada.
nesse ano, assisti a um filme chamado birth e fiquei muito surpreso com ele. não havia lido sinopse, críticas e nem nada, só sabia que era com a nicole kidman e para mim isso foi o suficiente. só sei que eu amei bastante o que eu vi e passei um bom tempo pensando em quanto ele era bom e foi uma grata surpresa ver naquele dia.
mais tarde, fiquei chocado quando li que birth é considerado um dos piores da carreira da nicole e que foi detonado na época pela crítica e público e pelo o que eu li no letterboxd, até hoje rs. sem dúvidas, eu teria pensado duas vezes antes de assistí-lo e deixado para depois e perdido uma boa experiência.
talvez tenha sido a reviravolta do filme que desagradou todo mundo, mas no dia eu o achei tão bom e após ver tudo que pensavam do filme, entendi que na arte, é importante que tudo seja questionado, repensado e revisto. é até capaz de eu reassistir um dia e achar ele ruim.
e foi exatamente o que aconteceu quando eu revi evil dead 2 nesse ano. por muito tempo, eu o considerei como o filme que marcou minha adolescência e que me fez valorizar o cinema trash. curiosamente, reassisti e não achei ele mais a mesma coisa. ele continua sendo incrível, mas hoje ele é apenas um bom filme e longe de ser o melhor da franquia para mim.
confesso que fiquei um pouco chateado por ele não ter sobrevivido a uma revisão, mas esse é o tipo de experiência que eu acho que vale a pena passar para criarmos um gosto pessoal mais verdadeiro. é uma forma de se reinventar, se pensarmos bem.
sei que estou um pouco sumido da newsletter e não envio quase mais nada, mas aparecer aqui e me mostrar ainda é um desafio para mim. escrever exige emoção, vulnerabilidade e coragem e apesar de eu ser muito sensível e vulnerável no que eu escrevo, me falta coragem para mostrar isso. mas hoje foi preciso tomar uma xícara de café para eu agitar meus nervos e enviar. então agora que descobri o segredo, as coisas mudem.
até mais e obrigado <3