no repeat #1: music, madonna
um quadro especial da minha newsletter na qual comentarei sobre os álbuns que não saem do meu repeat
Eu não sou nenhum mestre quando o assunto é música. Admiro quem sabe reconhecer gêneros específicos – o que diabos é um acid bass drum pop? - e o que faz um álbum ser bem produzido, mas para mim, o que importa é uma boa sonoridade e a voz do artista, bastando apenas que sejam boas e marcantes.
Prefiro pegar um álbum para ouvir e escutá-lo do começo ao fim e ficar preso nele por semanas e semanas. Eu penso que desse jeito eu consigo escutar com mais calma, pesquisar as letras, as inspirações do artista, curiosidades e buscar entender a mensagem do álbum como um todo. É sempre divertido mergulhar neles.
Esse costume me faz ter um certo pavor de playlists, não consigo escutar um monte de coisa diferente assim de uma vez. Para mim, a música funciona quando eu o trato como se fosse um filme ou um livro, por que assim eu poderei entender o que o artista tem a dizer e isso o faz muito mais interessante e próximo de mim. Acho que só a música consegue fazer isso – conhecer o artista pela pessoa que é.
Como eu nunca falei muito sobre música por aqui, achei uma boa dar uma explorada na música e sair dessa zona de conforto de falar apenas de livros e filmes. Como eu disse antes, estou sempre viciado em algum disco e agora é a vez de Music, da Madonna.
Sou fã da Madonna desde o dia que eu vi o clipe de Like a Prayer, na falecida MTV. Lembro de ficar muito chocado com a forma como ela representou a religião como eu nunca tinha visto antes com uma mensagem muito espiritual e bonita. Não esqueço da primeira vez que vi, foi muito marcante!
É incrível como ela sempre tem algo a dizer e com o Music, que eu comecei a escutar apenas nesse ano, ela fala sobre isolamento, amar, perdoar e celebrar o que a música significa de verdade. Eu demorei para escutá-lo por eu sempre esquecer de ouvir, já que quando eu chegava perto dele eu sentia que precisava escutar mais uma vez o álbum anterior – Ray of Light – e o posterior – American Life – que são os meus favoritos da carreira dela. Ele passou muito tempo sendo ignorado, mas hoje ele está sendo exaltado por mim do jeito que merece.
Acho engraçado que o Music foi uma tentativa da Madonna de se aproximar do que as artistas pop como a Britney e a Aguilera estavam produzindo na época e acabou sendo bem diferente por ter uma sonoridade eletrônica e com influências no country americano, na música francesa e no folk. Muito mais do que no Ray of Light, os instrumentais do álbum são marcantes e perfeitos para serem ouvidos em um fone de ouvido.
Parte da intenção da Madonna de ter um álbum mais trabalhado em instrumentais com fortes influências eletrônicas tinha vindo da intenção de se conectar com a recém-nascida era dos computadores e da tecnologia, que estava começando a isolar mais as pessoas e da saudade que ela tinha de cantar em shows. Como ela não podia sair tanto de casa como antes para ter que cuidar dos seus filhos, ela decidiu criar um álbum que celebrasse esse isolamento e o conectar com a música e assim surgiu o Music.
Esse álbum é a mistura perfeita com a eletrônica e o country. Gosto das melodias que me dão vontade de viajar e andar por aí, de dançar bastante ou de ficar mais no meu canto sendo melancólico. Depois de pesquisar bem sobre o que a Madonna quis passar, eu comecei a ver esse álbum como atemporal. Quantas artistas pop não utilizaram elementos country para construir um disco? E mais, há algo mais anos 2020 do que falar de isolamento e vontade de sair de casa para viver e amar?
De todos os álbuns que escutei, Music é o que mais parece ter mais detalhes nos instrumentais. Madonna fez o disco inteiro ao lado de um produtor francês que queria tirar o melhor dela em todas as músicas e explorar sonoridades com a própria voz dela e com o seu estilo de música, que sempre mudou no decorrer de sua carreira. Os instrumentais passam um clima de novidade e é incrível como ela brinca com eles em Don’t Tell Me, por exemplo. De primeira, parece que tem algo errado no nosso fone, mas é só uma pausa que surge de surpresa em alguns momentos da música.
Se em Ray of Light ela gritava e se agitava toda no clipe, em Paradise (Not for me) ela sussurra e nos transporta para um lugar tranquilo, mas em “Impressive Instant”, a música também é um lugar que tranquiliza, mas que também nos faz querer dançar muito. É incrível.
Music não é meu favorito dela, mas é inegavelmente bom. Algumas músicas são avulsas e esquecíveis, mas ele como um todo merece ser bem lembrado.
Minhas músicas favoritas do álbum são “Music” “Impressive Instant”, “Amazing”, “Don’t Tell Me”, “Paradise (Not for me)” e “What it feels like for a girl”.
Por fim, fiquem com o maravilhoso clipe de Don’t Tell Me. Um dos melhores clipes dela.
Obrigado de verdade se você leu até aqui e espero que tenha gostado desse novo “quadro” aqui na minha newsletter. Quando eu estiver obcecado por outro álbum, esse quadro retornará. Até mais! <3