novos hábitos #27
um novo olhar sobre minha vida me fez entender que eu vivo muito menos lá do que aqui
olá, newsletters,
após um começo de ano difícil e com muitos acontecimentos que exigiram muito do meu emocional, eu decidi retornar à terapia. dessa vez, com uma nova abordagem: a psicanálise. confesso que eu tinha um pouco de preconceito infundado pelo freud e por muito tempo não confiei muito no que ele tinha a dizer.
eu passei uns bons anos em uma abordagem - terapia cognitivo-comportamental - e as coisas fluíram por algum tempo. eu aprendi a ter bons hábitos, a ser mais paciente com as pessoas e a me virar mais sozinho, emocionalmente falando. depois de uns três anos, as coisas na terapia pararam de evoluir e eu me encontrei perdido e sem entender nuances da minha própria personalidade sem compreender o motivo de eu agir de certas formas e sempre retornar aos velhos hábitos ruins, mesmo depois de meses fazendo aparentemente tudo certo.
eu comecei a sentir uma necessidade de entender muito mais, de ir mais fundo em mim mesmo e sair desse plano externo no qual eu precisava agir em sociedade e com as coisas que aconteciam ao meu redor, e partir para o interno, o lugar que eu entenderia como eu me vejo de verdade. a psicanálise pareceu ser o caminho certo para isso.
na segunda sessão, eu lembro de ter saído um pouco surpreso. eu me senti confrontado, obrigado a pensar sobre coisas desconfortáveis e muitas vezes, o analista me questionava o motivo de eu pensar de determinada forma. eu simplesmente não sabia justificar muitas das minhas crenças que eu tinha sobre mim mesmo, todas pareciam inconsistentes. e ainda parecem.
o que complementa a terapia é o meu hábito de escrever em um diário que eu mantenho desde 2017. desde o início das sessões , eu vejo que minhas impressões fazem mais sentido e, assim, consigo identificar quais as minhas maiores dificuldades. fiquei um pouco impressionado com o tanto de coisa que eu já reprimi ou que eu fingi que não me afetaram, apenas para eu lidar melhor com as coisas.
com tantas redescobertas sobre quem eu sou, percebo que eu fiquei muito tempo vivendo com medo do que poderia acontecer ou do que iriam falar de mim. agora, sempre mentalizo que o futuro não existe e que o que as pessoas dizem tem mais a ver com elas do que comigo e apesar dos deslizes, esse exercício diário ajuda a me manter no presente.
passei a ver também que o maior problema está em eu ser meu maior crítico, em eu sempre sentir necessidade de estar à frente aos que os outros potencialmente poderiam criticar em mim, como forma de mecanismo de defesa. então, também estou aprendendo a pegar leve comigo mesmo, a ver que a vida pode ser simples e que não faz sentido eu me pressionar dessa forma. a perfeição, assim como o futuro, não existe.
para não deixar a oportunidade de falar sobre livros passar, eu queria falar da minha experiência lendo no caminho de swann, do marcel proust. ler esse livro no meu momento atual de vida está sendo importantíssimo porque proust faz no livro o que eu estou tentando fazer hoje - ir fundo em todas as suas memórias, relembrar de tudo e refletir sobre elas.
apesar de proust não ter conhecido diretamente o freud, seus temas de memória e sonho são comuns em suas obras. e é realmente impressionante o que proust faz em o caminho de swann.
é uma leitura densa, lenta e muito profunda, mas eu não estou a considerando difícil de entender, apenas desafiadora, já que ela exige muita atenção e paciência. eu acredito que qualquer pessoa conseguiria ler, desde que esteja disposta ao que proust tem a dizer. enquanto eu leio o livro, eu entro em um estado de transe e me sinto em combray, lugar onde se passa a história e fico ali por horas, acompanhando as lembranças do Proust e reparando em como ele tenta recuperar cada memória sua e tento fazer o mesmo em minha mente, tentando lembrar de algo antigo e divagar nisso.
gosto desse exercício de memória e divagação, mas hoje eu estou percebendo coisas que só o presente consegue proporcionar. é uma maravilha não dar tanta importância assim ao que vai acontecer e valorizar os momentos bons que eu tenho todos os dias, porque isso é se manter aqui, no hoje e agora. estou me apegando cada vez mais ao que é real ao meu redor e em mim mesmo e me esforçando ao máximo em fazer uma coisa de cada vez. com o tempo, vai ficando mais fácil.
escrever segue sendo minha maior paixão e mesmo que eu esteja dando mais foco ao tiktok nos últimos tempos, eu não quero deixar a newsletter de lado. eu estou buscando um equilíbrio entre o tiktok, estudos, trabalho, natação e newsletter para que eu consiga fazer tudo com qualidade e de coração. até breve :)
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