No terceiro dia tentando fazer um exercício para melhorar minha concentração, senti um sono tão profundo que achei melhor dormir logo de uma vez. Não pensar, naquele momento, foi muito mais cansativo que meia hora fazendo aeróbico e questionei como cheguei nesse ponto, de não conseguir ficar sozinho com meus próprios pensamentos por um tempinho.
O exercício que eu fiz consistia em parar tudo que eu estava fazendo, ir em um lugar tranquilo e se concentrar na minha respiração por dez minutos, deixando os pensamentos fluirem, mas sempre voltando o foco para a respiração, sem divagar muito no que viesse pela cabeça.
Assim como todo exercício, o resultado só vai vir com a constância e o tempo, então essa semana fazendo não me trouxe muitos resultados ainda. Algo nessa experiência me fez refletir sobre o que entendemos sobre nossa capacidade de prestar atenção - ou attention span - nos dias de hoje. Será que os exercícios que fiz, a longo prazo, vão recuperar o foco que eu costumava ter anos atrás?
Uma pesquisa concluiu que de 2000 até 2015 o ser humano passou a se concentrar menos tempo que um peixinho dourado e isso seria muito preocupante se essa pesquisa não fosse baseada em dados inconsistentes, já que anos depois, uma reportagem da BBC demonstrou que esse estudo utilizou fontes que não existem e não especificam as particularidades da concentração de um ser humano. Na verdade, nossa capacidade de fazer mais coisas ao mesmo tempo melhorou significativamente, o que já nos deixa em uma posição bem melhor que a de um peixinho dourado.
E se não há nada científico que possa explicar esse problema de concentração, o nosso contexto de bombardeio de informação, uma pandemia por anos e os problemas individuais e emocionais, eu acredito ser compreensível descontarmos nossas frustrações em soluções urgentes, rápidas e práticas com o uso diário das redes sociais, o que não é algo muito bom, já que esse uso vem de um momento quando as pessoas não estão se sentindo bem.
Essa pesquisa feita na China confirma que adolescentes com estresse, depressão e fobia social possuem uma inclinação maior a passarem mais tempo online, vivendo uma relação problemática com a internet, piorando ainda mais o próprio emocional. O que mais me deixou surpreso é que fizeram essa pesquisa com os usuários do TikTok, já imaginou o resultado se fosse com o pessoal do Tumblr?
Claro que o conteúdo mais rápido pode influenciar negativamente na nossa ansiedade, o que é algo que essa mesma pesquisa aponta também, mas é interessante perceber como essa sensação de dificuldade de focar pode vir de vários lugares e contextos. Mais interessante ainda, é perceber como isso se tornou uma questão grande o suficiente para impactar na forma como consumimos as coisas. Basta esperar para ver como será no futuro.
*Observação: A internet foi apenas um exemplo do problema, existem outros fatores socioeconômicos, culturais e até políticos que podem estar influenciando a sociedade mas não dá para falar tudo em um e-mail rs mas fiquem à vontade de discordar de algo que eu falei ou opinar.
Se você leu até aqui, muito obrigado <3 vou amar saber a opinião de vocês sobre o assunto. Até mais!